O Futuro Incerto da Economia e da Ecologia
O mundo tornou-se um lugar cada vez mais lotado, caótico e perigoso. As populações globais estão aumentando, particularmente as nações pobres menos capazes de alimentar e sustentar o número crescente de pessoas. A ecologia global está à beira do colapso. O equilíbrio global de poder está mudando. O início do século XX marcou o fim da dominação europeia e neste século vamos ver o fim da hegemonia dos EUA. China, Índia e Brasil estão emergindo como potências mundiais. E as incursões equivocadas dos USA no Vietnã e Iraque provaram a insensatez da decisão unilateral tomada com base na força bruta. Da forma como as coisas estão caminhando, o mundo poderá mergulhar facilmente em uma mistura tóxica de conflito sangrento, pobreza, desastres naturais e sofrimento generalizado. Para evitar esse destino – que é muito provável se o mundo continuar no caminho atual – os líderes mundiais devem aceitar o fato de que todos no planeta vivem a mesma situação. Os países ricos não podem mais ignorar os países pobres. O mercado livre não é a melhor e única solução. Infelizmente, os riscos são graves. Felizmente, as soluções estão à mão. Alterações climáticas e catástrofes nos assombram, ainda assim estão disponíveis sistemas sustentáveis de energia e de desenvolvimento. A população mundial está em rápida expansão, mas simples cortes nas taxas de natalidade poderiam estabilizar os números. Muitos milhões vivem em pobreza absoluta, contudo investimentos modestos por parte dos países ricos acabariam com a “armadilha da pobreza”. O planeta enfrenta seis tendências de mudança:
- Países mais pobres estão enriquecendo – A diferença da renda entre Europa e América do Norte e o resto do mundo está em “convergência”. As economias mais desenvolvidas crescem lentamente, mas China, Índia e Brasil experimentam crescimento galopante.
- A população mundial de 6,6 bilhões continua a crescer – Esse número precisa se estabilizar em oito bilhões por volta de 2050.
- A maioria das pessoas vive agora nas cidades – Os pobres estão deixando as fazendas e se aglomerando nas cidades.
- A Ásia vai experimentar crescimento mais rápido – O equilíbrio do poder econômico vai mudar do Hemisfério Ocidental para o Oriental.
- A atividade humana vai continuar a alterar o meio ambiente – As ações humanas têm causado o aquecimento global. Neste planeta superpovoado, as decisões individuais afetam o mundo natural.
- A desigualdade sócio-econômica continuará a aumentar – Enquanto algumas nações crescem vertiginosamente, milhões de pessoas mal conseguem subsistir na África subsaariana.
Escassez de Recursos
A humanidade está esgotando os recursos da Terra a um ritmo assustador. O uso da água e dos combustíveis fósseis e a ocupação da terra no ritmo atual é insustentável e insensato. No entanto, ainda há esperança. Ao ajustar o uso dos recursos naturais, é possível racionar os escassos recursos da Terra por séculos. Veja os combustíveis fósseis: as fontes tradicionais (petróleo, carvão, gás natural) são finitas, mas não são as únicas fontes. A Terra possui vastas reservas de areias de alcatrão e óleo de xisto e já existe tecnologia para utilizá-los. O esgotamento dos recursos naturais não é uma novidade na história humana. Há cerca de 11.000 anos atrás os nativos americanos levaram mamutes, cavalos e bisões à extinção. O desaparecimento dos animais travou o crescimento da população dos povos indígenas. Hoje em dia a humanidade está repetindo os erros dos americanos nativos. Conforme as pessoas se tornaram mais ricas, passaram a exigir mais espaço e melhor alimentação. Abriram enormes faixas de terra ecologicamente cruciais para servir de pastagens de gado. As pessoas estão consumindo mais recursos escassos do que deveriam. A água é um recurso em diminuição particularmente importante. Os grandes rios de outrora, como o Amarelo, Ganges e Rio Grande não conseguem mais chegar aos seus destinos. O aquecimento global promete agravar os problemas com a água. As áreas tropicais vão ficar cada vez mais húmidas, devido a chuvas mais pesadas e inundações. Áreas secas vão ficar cada vez mais secas. Não é por acaso que alguns dos países mais pobres e instáveis do mundo carecem de água e consequentemente de alimentos. Somália, Etiópia e Quênia têm sido especialmente atingidos. A escassez vai também continuar a assolar o Oriente Médio, Ásia Central, norte da China e sudoeste dos Estados Unidos. Muitas pessoas estão pagando o preço de outras maneiras. Os peixes estão desaparecendo. Animais estão em vias de extinção. Zonas húmidas estão sendo vítimas da “desertificação”. Seis medidas a serem tomadas poderiam preservar a tão necessária biodiversidade:
- Proteger os habitats – Criar mais parques e habitats, áreas marinhas protegidas e até mesmo estações particulares de ecoturismo.
- Evitar o desmatamento – O mundo compra madeira da floresta amazônica, mas diz que o Brasil favorece o desmatamento. Em vez disso, o mundo desenvolvido deve pagar aos países pobres para que não cortem suas árvores. Apesar do tratado de Kyoto permitir que países sejam pagos para reflorestar, não há incentivos para se evitar o desflorestamento.
- Melhorar os rendimentos agrícolas – Práticas agrícolas imprudentes ocupam mais terra do que o necessário. Terras mais produtivas equivalem a menos hectares desmatados para o cultivo, gerando um equilíbrio entre as necessidades alimentares e ecológicas.
- Fertilizar com mais cuidado – Grande parte do fertilizante aplicado nas lavouras escorre para os rios, desenvolvendo algas que ameaçam os peixes. Métodos mais modernos de aplicação de fertilizantes no subsolo evitariam resíduos e danos ambientais.
- Comer menos carne – A carne é uma forma ineficiente de nutrição. O gado consume muita vegetação. Produzir um quilo de carne requer 13 kg de grãos. O preço da carne não reflete esta realidade. Substituir a carne por proteínas vegetais é ecologicamente correto, além de ser uma política de saúde pública inteligente que pode diminuir a obesidade e diabetes.
- Abraçar a piscicultura – A pesca marítima está exaurida, mas os pescadores comerciais continuam utilizando práticas destrutivas. Assim como a “revolução verde” da Índia, o mundo precisa de uma “revolução azul” para aumentar a criação de peixes.
Retardando o Crescimento da População
Para retardar o rápido esgotamento dos recursos, os líderes mundiais devem retardar o crescimento da população. Se isto é possível é uma questão de debate constante. Alguns argumentam que a inovação tecnológica permitirá que o mundo se adapte a um número infindável de pessoas. Os mais pessimistas acreditam que os seres humanos vão continuar a pilhar e saquear o planeta. Entre eles estão aqueles que percebem que a humanidade pode controlar e racionalizar os recursos naturais e sobreviver, mas apenas diminuindo a sangria dos recursos da Terra e o crescimento populacional. As taxas de natalidade do primeiro mundo já caíram a ponto das suas populações se manterem estáveis. Mas as populações continuam a inchar no terceiro mundo. Nove elementos comprovados podem retardar o crescimento da população:
- Baixas taxas de mortalidade infantil – Quando os bebês são propensos a morrer, os pais têm mais crianças para garantir que alguns sobrevivam. Mas, quando sabem que seus bebês vão viver, os pais tendem a ter menos filhos.
- Escolarização para meninas – As taxas de natalidade caem quando meninas frequentam escolas secundárias, onde aprendem que não precisam ter bebês cedo demais.
- Proteção legal para as mulheres – Em sociedades com menores taxas de natalidade, as mulheres têm maiores oportunidades de se educar, encontrar empregos e financiamento seguro para seus empreendimentos. Como profissionais, passam a ter menos filhos. A viabilidade econômica e educação continuada também reduzem a violência doméstica.
- Serviços de planejamento familiar – Em países muito pobres, mesmo os casais que prefiram famílias menores têm poucas alternativas. Sem métodos de contracepção e planejamento familiar, as famílias não conseguem reduzir suas taxas de natalidade.
- Fazendas mais produtivas – Quando as fazendas de subsistência rendem mais, o agricultor (na África, geralmente a mulher da família) motiva-se para se concentrar na agricultura, investir em seus filhos e assim constituir famílias menores.
- Menor êxodo rural – As crianças são ativos para famílias de agricultores que valorizam o trabalho. Nas cidades, as crianças tornam-se um passivo.
- Legalização do aborto – As nações onde o aborto é legalizado apresentam menores taxas de natalidade e menores taxas de mortalidade das mulheres.
- Planos de pensão – Pais pobres têm muitos filhos para serem apoiados na velhice. Quando sabem que o governo irá apoiá-los no futuro, as taxas de natalidade caem.
- Costumes sociais – Há sociedades em que se espera que as mulheres comecem a ter filhos cedo, mas os governantes podem interferir, ajudando a mudar os valores culturais para que estimulem famílias menores.
Investindo na Correção dos Problemas Mundiais
Resolver os problemas das mudanças climáticas, degradação ambiental e pobreza extrema não será fácil ou barato. Mas as soluções estão ao alcance da humanidade e dentro do orçamento do mundo desenvolvido. O mundo rico gera um PIB de US $ 35 trilhões. Uma pequena parte dessas riquezas poderia resolver os problemas do planeta. Veja como:
- Desaceleração das mudanças climáticas através da adoção de energia sustentável – 1% do PIB dos países ricos.
- Ajudar as áreas pobres com mudanças climáticas – 0,2% do PIB dos países ricos.
- Conservação das áreas para a Biodiversidade – 0,1% do PIB dos países ricos.
- Combate à “desertificação” através da gestão da água em áreas pobres – 0,1% do PIB dos países ricos.
- Redução do crescimento populacional através de amplo acesso ao planejamento familiar – 0,1% do PIB dos países ricos.
- Ciência para o desenvolvimento sustentável – 0,2% do PIB dos países ricos.
- Ajuda para retirar os países mais pobres da “armadilha da pobreza” – 0,7% do PIB dos países ricos.
- Total – 2,4% do PNB dos países ricos, ou US $ 840 bilhões.
“O desafio deste século será enfrentar o fato de que a humanidade compartilha um destino comum num planeta superpovoado.”
Em termos políticos, é um valor enorme. Mas considerando que a própria sobrevivência da humanidade está em jogo, o preço parece de fato acessível. Os que criticam as soluções para as alterações climáticas, degradação ambiental e crescimento populacional descontrolado levantarão inúmeros argumentos contra quaisquer esforços para lidar com estas questões. São três os seus principais argumentos. Primeiro, a “futilidade”, pois o problema não pode ser resolvido. Em segundo lugar, a “maldade”, ou a ideia de que a tentativa de corrigir esses problemas só pode agravá-los. E, em terceiro lugar, o “risco”, aplicar recursos a estas questões poderá desviar recursos de outras prioridades. Tais atitudes pessimistas não levam em conta que estas questões podem e devem ser tratadas, para o bem da humanidade. Você pode fazer a diferença, através de oito ações em prol do planeta:
- Informe-se – Leia publicações como Nature, Science, New Scientist e Meio Ambiente. Faça cursos. Aprenda mais sobre mudança climática, crescimento populacional e política.
- Viaje – Exponha-se a outras pessoas e aos problemas que enfrentam. Viajar irá ajudar você a entender que o destino de todas as pessoas está interligado.
- Crie ou participe de uma organização – Se o seu objetivo for impedir a propagação da malária, melhorar a saúde pública ou outro objetivo nobre, procure pessoas com o mesmo pensamento.
- Inspire os outros – Espalhe sua mensagem, estimulando os outros a agir.
- Utilize as redes sociais – A Internet pode unir as pessoas.
- “Pressione” os políticos – Certifique-se de que seus representantes eleitos assumam a responsabilidade de abordar estas questões.
- Leve sua mensagem para o escritório – Torne-se uma voz ativa a favor das práticas empresariais responsáveis no seu local de trabalho.
- Viva segundo os valores que defende – Tome decisões em sua vida pessoal que reflitam o seu compromisso com a sustentabilidade.